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14/01/2018

Uma conversa meio séria sobre: O LUTO

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Bem, Olá



Infelizmente o primeiro tema de 2018 não é um tema muito tranquilo e fofo, como todos gostariam que fosse, mas acho que é um tema mega interessante por causa de coisas que aconteceram no mundo e até mesmo na minha vida.

Perder alguém precioso, independente da forma que for, é extremamente doloroso e difícil, costumamos seguir coisas e lugares que dizem modelos de como funciona o luto e isso tudo dificulta ainda mais o entendimento do que se passa por dentro de nós mesmos nesse período.

No luto, existem sim as fases e tudo que envolve elas, entretanto um tempo estimado para vencer cada fase já é algo que não temos como precisar, já que todos nós carregamos conosco vivências e sentimentos diferentes entre si, além de toda a carga emocional que a relação entre quem ficou e quem se foi ser extremamente relevante para o que sentimos, por isso se torna necessário o entendimento do luto e seu acompanhando, mas algo como uma "receita de bolo" acaba se tornando muito mecânico demais, pra um sentimento tão forte quanto a dor da perda.

Vamos agora entender um pouco mais sobre cada fase desse período tão conturbado que é a vivência de um luto:

Inicialmente precisamos lembrar que são 5 fases e que essas fases podem não acontecer na mesma ordem que eu trouxe e que normalmente elas não possuem uma linearidade, além de que algumas fases que passam por esse momento, pode não ser sentida de forma externalizada, mas elas acontecem internamente seja com o nosso conhecimento ou não.

1. Negação e choque
É a primeira reação ao receber essa noticia inesperada, se torna difícil entender e aceitar o que aconteceu. O mais comum, neste momento é racionalizar a situação e minimizar o impacto que ela tem e terá em nossas vidas, para que a mente entenda o que esta acontecendo e proteger de emoções que se viessem de uma só vez seriam avassaladoras, por isso pode ser comum o sentimento de imensa tristeza por pequenas coisas, ausência da voz, do toque ou de ver quem se foi. Com isso se torna bem comum também, nesse momento, ter um forte desejo contar e recontar o que aconteceu. 

2. Raiva
Esse é o período em que existe uma luta interna e mesmo que se saiba, racionalmente, que não faz sentido aparecem alguns pensamentos que culpam o ente querido que se foi por deixar os que “ficaram”. Essa raiva é dirigida a todos que se encontram em volta da pessoa: o médico não pode diagnosticar a doença a tempo, raiva de si mesmo por não ter feito as coisas diferentes e assim por diante chegando até mesmo a Deus, ao destino ou ao universo.
Esse sentimento de raiva e irritação neste momento pode ser tão forte que se dirige até àqueles que não estão sentindo o mesmo que a pessoa enlutada. Em outros casos, a raiva pode se dirigir a si mesmo e se transformar em culpa. Nestes momentos pode ser um alívio poder admitir a raiva para que essa culpa não se siga nos períodos que se passam do luto.

3. Negociação\ barganha
Esse período é quase uma tentativa de fazer a vida voltar ao que era antes com a presença de quem se foi. Pensamentos que poderia se ter agido antes, de outras formas, de ter prestado mais atenção no que se passava ou de procurar ajuda mais cedo. Esse tipo de pensamento pode acontecer antes da partida do ente, pedidos para que Deus poupe de levar quem amamos, em algum momento essa negociação passa para uma situação de que se aceita que esse ente se vá, com a certeza de que em algum momento irão se encontrar novamente e essa situação é mais saudável pois se usa dela para relembrar coisas de quem se foi que ficarão guardadas com quem ficou e foi transformado por essa experiência.
4. “Depressão”
Depois de uma perda, é muito provável que em algum momento ou um grande período, quem sofre se sente cansado e um pouco desconectado das outras pessoas. A tendência é a pessoa ficar mais silenciosa e apresentar alterações nos afazeres do dia-a-dia, além de alterações no apetite ou no sono. Essa fase se vivencia a tristeza do luto propriamente dita ou até mesmo uma apatia em relação aos sentimentos, isso normalmente acontece quando finalmente se entende o que aconteceu, quando a ficha cai de que não se tem mais quem era tão precioso.
E importante lembrar que essa depressão é uma resposta a perda e é comum e natural que aconteça e pode ser que quem está em sofrimento opte por afeto de forma física, dessa forma em alguns momentos é aconselhado carinho ou massagem por exemplo como forma de suavizar os sentimentos e deixar o processo do luto se desenrolar com mais suavidade.

5. Aceitação

Depois de caminhar por momentos muito difíceis, finalmente se aceita o acontecido o que gera alguma paz depois de todo esse sentimento de perda, a pessoa já não apresenta mais aquela vontade de que as coisas voltem a ser como eram antes, porem isso não impede que os sentimentos de tristeza ou saudades apareçam, mas junto com ele vem o pensamento de que a vida precisa seguir seu ritmo natural, isso não significa dizer que nessa fase tudo se torna mais fácil de uma forma mágica, mas o que acontece é que aos poucos vai se aceitando que não há mais o que se fazer e o período de depressão se vai aos poucos também o que vai gerando certo alivio. Se sente que esse período se tornou sólido quando a lembrança de quem não está mais aqui dá mais alegria e do que vontade de chorar.

Normalmente encaramos o luto como algo que se relaciona com a morte de alguém, entretanto não é sempre assim, ele pode estar relacionado ao término de um namoro, ao fim de uma amizade, a uma mudança muito brusca na vida de alguém entre outros fatores.

Mesmo que seja uma fase comum depois de perdas, o luto pode se tornar patológico se ele for algo que se mantenha por muito tempo e\ou se prejudicar de forma decisiva na vida de quem está passando por isso, dessa forma se faz necessária a ajuda psicológica para passar por essa fase dolorosa com lembras não mais só dolorosas e difíceis de lidar.

Espero que esse texto possa ajudar quem está passando por esses tipos de situação e que nesse novo ano as coisas se tornem melhores para todos nós!

Beijos Alina

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